12 de maio de 2010

"Gosto muito da palavra puta. E todo mundo sabe disso" - Moda Insights



Sem dúvida uma das palestras mais esperadas do Moda Insights era de Gabriela Leite, fundadora da griffe Daspu. E não era pra menos. Ex-Prostituta, Gabriela, hoje com 58 anos, não admite não ser apresentada como tal, e ainda diz que adora a palavra puta.
Idealizadora da ONG Davida, criada em 1992 para criar oportunidades para o fortalecimento da cidadania das prostitutas, Gabriela não quer tirar nenhuma prostituta de sua profissão, ela procura melhorar as suas condições de trabalho. Para arrecadar fundos, surgiu a idéia da griffe Daspu: "Confecção não, confecção é coisa de pobre. A gente tem que ter uma griffe", lembra Gabriela, conversando com suas colegas de trabalho na praça Tiradentes no Rio de Janeiro. Entre reuniões em bares fazendo o planejamento da marca, eis que surge uma nota no jornal o Globo, onde um jornalista falava do nome da marca, e que ela seria financiada por um investidor norueguês: "ainda não conheci esse norueguês que estaria investindo no nosso trabalho". Com isso a marca já ficou super conhecida, já que toda a imprensa saiu a procura de Gabriela em busca de explicações. Uma semana depois uma notificação extra-judicial chega à sede da Davida: a Daslu, loja de luxo de São Paulo, dava 10 dias para a Daspu deixar de usar esse nome, ou entrariam com um processo na justiça. Sem hesitar levaram o caso à imprensa, e em pouco tempo depois, já não existia mais ameaça de processo.
Com frases como "Somos más. Mas podemos ser piores", "É dando que se recebe", e "As mulheres perdidas são as mais procuradas", a marca Daspu já é um sucesso, com direito a Ronaldo Fraga desenhando uma linha especialmente para a griffe na próxima coleção. Gabriela Leite é um exemplo de social, de trabalho, coragem e perseverança, trabalhando pelos direitos das trabalhadoras de sua própria profissão.

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